terça-feira, 1 de abril de 2008

Pensava que só acontecia nos filmes. Enganei-me.
O trágico falecimento do pai de um colega de trabalho, levou a que grande parte de nós rumasse a Setúbal para marcar presença no velório. O ambiente num velório é o que se sabe, pelo que após as habituais condolências e palavras de encorajamento, achámos melhor levar o rapaz até um café para desanuviar. O que se passou a seguir é digno de um filme do Tarantino. Abancámos numa esplanada e pedimos imperiais. Conversa puxa conversa e às tantas já era a galhofa total. Quem chegou mais tarde vinha com cara séria sem saber bem o que esperar. Ficavam atónitos com o que viam.O que é certo é que naquele par de horas o nosso colega esqueceu a tristeza. Até por que a vida não espera por nós.

terça-feira, 25 de março de 2008




Cheguei a Nova Iorque Sábado por volta das 9 e meia da manhã. La Guardia é um daqueles aeroportos que não lembra a ninguém. Um corrimão é tudo o que separa o tapete das bagagens da entrada do terminal. As pessoas estão à espera das malas e ao mesmo tempo vão conversando com as espera. Saio do aeroporto disposto a apanhar um táxi, quando sou abordado por um sujeito que mais parecia ter saído dum episódio dos Sopranos.
-‘Going to Manhattan?’
- ‘Humm… Yeah…’
- ‘Come with me’
Não me deu tempo para mais nada. Agarrou na mala e desatou a caminhar em direcção ao parque. Ainda pensei argumentar, mas deixei andar para ver o que ia dar. Parou junto de um carro preto com vidros fumados.
- ‘You go in the front’
Entrei para o lugar da frente e quando me viro vejo um casal idoso sentado no banco de trás com o ar mais perdido do mundo. Permaneceram em silêncio durante toda a viagem, que felizmente correu bem, apesar dos (muitos) tiques nervosos do condutor.
Fiz check-in no hotel, entrei no quarto, larguei a mala e fui ter com o Manel ao lobby.
Saimos pela Grand Central Station, mesmo junto ao hotel e seguimos pela 42nd street até Bryant Park. Contornámos e continuámos pela 40th street até apanhar a 5th avenue. Subimos ao Epire State Building e continuámosi a descer a avenida até Madison Square Park. Metiemos pela Broadway, passámos Union Square e prosseguimos até Little Italy onde almoçámos, como não podia deixar de ser, num restaurante Italiano. Só para terem uma ideia do calibre da coisa, é um daqueles sítios onde o chefe de mesa quando vê o copo vazio, levanta o braço, estala os dedos e vem um empregado a correr de garrafa em punho para o voltar a encher. Alíás o tipo tinha aspecto de pertencer às melhores famílias Sicilianas. Depois de almoço continuámos pela Broadway até à Brooklyn Bridge e atravessámos para a outra margem. Por esta altura já não aguentávamos caminhar mais e apanhámos o metro até ao Macy’s, antes de voltar ao hotel. Depois de um duche saímos para jantar. Como é tradição sempre que vou a Nova Iorque, tenho que ir ao Mr Smith em Hells Kitchen. Quem não conhece não dá nada pelo sítio. Mas janta-se um hamburger tipicamente americano e a cerveja é barata. Mas o melhor mesmo é que a partir das 10 da noite têm música ao vivo.
Voltámos já tarde ao hotel, bem bebidos. Domingo foi dedicado às compras. Já agora, quem for a Nova Iorque, não pode deixar de ir à Toys r Us em Time Square. Dá vontade de voltar a ser criança.



terça-feira, 11 de março de 2008



Savannah, Georgia. Faz fronteira com a Carolina do Sul. Aqui foram rodados filmes como Forrest Gump e ‘Midnight in the garden of good and evil’.
Situada junto à costa e rodeada de terrenos pantanosos, serve como ‘base de apoio’ a duas importantes estâncias balneares; Tybee Island e Hilton Head Island, a última já na Carolina do Sul. O Centro Histórico reflecte o charme colonial ligado à industria do algodão, com edifícios em tijolo vermelho e pequenas praças com jardins.
Depois de Columbus no Ohio, o destino levou-me a mais uma cidade que não consta dos habituais roteiros turísticos.
Assim que cheguei fui directamente do Aeroporto para uma festa no centro da cidade. Cansado da atribulada viagem, só com a roupa que tinha no corpo já que a minha mala tinha ficado para trás, achei que não fazia sentido ir logo para o hotel e que o melhor era descontrair um pouco. Lá entrei no espírito na coisa, com a ajuda de duas cervejas. No primeiro andar existia um terraço ao ar livre e resolvi ir fumar. Ainda mal tinha acendido um cigarro quando uma senhora com ar zangado veio ter comigo a dizer que não podia fumar ali. Ainda argumentei que estava ao ar livre, mas ela disse que o terraço era parte integrante do edifício, pelo que não se podia fumar. Contrariado lá apaguei o cigarro e decidi ir fumar para a rua. Copo de cerveja na mão, estava prestes a sair quando fui interpelado por um segurança. Politicamente correcto, não me impediu de sair mas avisou-me da existência de uma lei que impede as pessoas de circularem com recipientes de vidro na rua. Juro que fiquei com um mau perder desgraçado. Lá em cima podia beber mas não podia fumar. Na rua podia fumar mas não podia beber.





quarta-feira, 5 de março de 2008

Já fiz várias viagens nos Estados Unidos, mas nenhuma como esta. A sério, foi alucinante. Não sei porquê, desde o momento em que foi feita a marcação que pressentia que ia correr mal. Se não vejamos; Lisboa-Newark. 2 horas e meia de ligação para Atlanta e aí 55 minutos de ligação para Savannah.
As coisas começaram a correr mal logo à saída de Lisboa. O vôo saiu atrasado e a situação ainda se agravou mais quando estivemos cerca de 45 minutos em espera para aterrar em Newark. Ou seja, 2 horas e meia de ligação ficaram reduzidas a pouco mais de 1 hora. O que num aeroporto como o de Newark é meio caminho andado para se perder um vôo. Começa então a saga. Habitual interrogatório na Alfândega, feito com a maior das calmas e sem pressa. Verificação rigorosa do passaporte, complementado pela tomada de impressões digitais e fotografia. Lá agrafaram a folha verde do visto ao passaporte e saio disparado para o tapete das malas. Agarro na mala e lá vou eu direito ao tapete seguinte, onde se devem colocar as malas em ligação. Antes, porém, ainda tive mostrar o passaporte e o bilhete a um senhor com cara de poucos amigos. Lá largo a mala no tapete das transferências. Não resisti e venho para a rua fumar um cigarro em 30 segundos. Dirijo-me então para o terminal. Mostro o bilhete e o passaporte mais uma vez. Tiro o cinto, sapatos, casaco e todos os demais objectos que trago nos bolsos. Passo pelo detector de metais e mais uma vez mostro o bilhete e o passaporte. Calço os sapatos, agarro nas coisas todas e lá me vou arranjando como posso a caminho da porta de embarque, apenas para descobrir que o vôo está atrasado. Quando aterrei em Atlanta tinha 25 minutos para apanhar a ligação para Savannah. Para quem não conhece, Atlanta é só um dos maiores aeroportos do mundo. E a porta de embarque para Savannah ficava literalmente na outra ponta do terminal. Lembram-se do Forrest Gump? Daquela parte em que ele desata a correr que nem um louco? Era o que eu parecia a correr pelo terminal fora! Juro que alguém gritou ‘Run Forrest, run!’. Milagrosamente apanhei o avião. Cheguei a Savannah e descobri que a minha mala não teve a mesma sorte. Quando pensava que a situação não podia piorar, o hotel estava ‘overbooked’ e não tinham quarto para mim. Graças a Deus o meu amigo Manel tinha 2 camas no quarto e assim não tive que mudar de hotel.
Mas no meio disto tudo é impossível ficar chateado. Eles sabem realmente como atender um cliente. Fazem-nos sentir únicos. No caso da mala, demorei 5 min a reportar o caso, descobriram logo onde tinha ficado a mala e comprometeram-se a entregá-la no próprio dia no hotel. Tudo isto sempre com um sorriso nos lábios! Atenciosos como sempre, ligara-me às 3 da manhã a dizer que a mala já estava no hotel. Enfim, ninguém é perfeito. O hotel deu-me um quarto logo no dia seguinte e a partir daí trataram-me sempre pelo nome. Com o pormenor de que quando cheguei ao quarto, tinha a luz acesa, o rádio ligado com música ambiente, uma carta de desculpas e um cesto cheio de guloseimas.
No regresso a ideia era sair de Savannah 6ª feira à tarde para Nova Iorque, passar aí o fim-de-semana e regressar a Lisboa no Domingo. Parecia simples até o vôo para Nova Iorque ter sido cancelado devido ao mau tempo. Mais uma vez fui surpreendido pela eficiência demostrada. Dirigi-me ao balcão da companhia aérea, marcaram-me no primeiro vôo da manhã seguinte, deram-me um voucher para o hotel e outro com 14 USD para uma refeição. Isto tudo demorou 5 minutos! A sério, uma pessoa fica desarmada, nem tem lata de reclamar.
Na manhã seguinte lá descolei rumo a Nova Iorque, após ameaça de avaria técnica no avião, com passageiros já a bordo, felizmente resolvida em poucos minutos.