segunda-feira, 12 de novembro de 2007

As coisas até me andavam a correr bem. Tão bem que até estava a estranhar. É que comigo nada é fácil. Mas finalmente as coisas voltaram a entrar nos eixos. Quarta-feira passada fui ver Interpol ao coliseu. A propósito, não foi nada de especial. Ouvi-los ao vivo ou ouvir o CD é praticamente a mesma coisa. Com a agravante de ter que ver o concerto todo em pé, o que para mim já não dá. Em compensação os Blonde Redhead que garantiram a primeira parte, revelaram-se uma agradável surpresa. Mas voltando ao que interessa, antes do concerto fui buscar o carro à oficina. Quando ia a tirar o carro lá de dentro não reparei num portão entreaberto. O resultado foi o espelho arrancado e uma mossa na porta. Podem imaginar o ar de gozo com que o pessoal da oficina olhou para mim. Uma situação destas é como ser atropelado à saída do hospital. Mas pronto, lá se colou o espelho com fita preta e segui caminho.
Aproveitei este fim de semana para montar a cozinha nova. Apenas para chegar à conclusão que as medidas estavam erradas em 2 cm. Ou seja, tive que refazer parte do plano e embarcar em despesas extra.
Finalmente hoje, fiquei sem combustível no carro a meio da subida de Monsanto. Valeu-me a boa vontade de um colega de trabalho que foi ter comigo com duas garrafas de litro e meio de gasólio.
De volta ao normal. Já sentia falta de trapalhadas na minha vida.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Férias. São sempre boas. Berlim, Viena, Bratislava e... Palma de Maiorca. O vôo era Viena-Lisboa com escala em Palma. De Viena para Palma foi espectacular. Céu limpo, sobrevoámos os Alpes de uma ponta à outra. As malas já tinham sido despachadas directamente para Lisboa. Em Palma apenas foi necessário ir para a porta de embarque e esperar alguns minutos. Descolamos rumo a Lisboa. 30 minutos de vôo. O anuncio do Comandante: ‘technisch Problem, Palma zurück.’ Boa, vamos voltar para trás. Nova aterragem em Palma. Aguardamos dentro do avião. Os anúncios da tripulação, em alemão, inglês e espanhol dizem tratar-se de um problema de flaps. Uma alemã pro-activa (há sempre uma), de pé no corredor, vai traduzindo o alemão para inglês e o inglês para espanhol. Caiu logo no goto do teutónico da fila do lado. Pancadas surdas vindas debaixo do avião indicam que a manutenção já chegou. Passados 5 minutos dizem que temos que desembarcar. No terminal somos acolhidos por uma representante da Companhia que diz estarem a tentar resolver o problema. Apesar de tudo, a malta está tranquila. Bom, vamos fumar um cigarro. 2 horas depois, uma espanhola esbaforida aparece na porta de embarque aos gritos a chamar os passageiros para Lisboa. Parece que o problema foi resolvido e vamos embarcar imediatamente. Até que chegam à conclusão que falta a lista de passageiros. Sem lista não há embarque. Uma mulher portuguesa pergunta-lhe, em inglês, se o avião é o mesmo. A espanhola olha para ela com ar incrédulo e encolhe os ombros. Croma, fala-lhe em português que ela percebe melhor! Lá chega a lista, mas agora têm que conferir os passageiros um a um. O tempo que isto demorou... Enfim, lá descolamos novamente, mesmo avião e tripulação, animados por estarmos finalmente a caminho. Mas o avião não ganha altitude. Digo à minha companheira que acho que vamos voltar outra vez para trás. ‘Achas?!’ pergunta ela. 9000 pés nivelado. Flaps fora, flaps dentro. Fora, dentro. O anuncio. Vamos mesmo voltar para trás. O mesmo problema técnico. ‘Grosse scheiße’ gritam do lugar da frente. ‘Foda-se’ grita a minha companheira. Só penso que amanhã às 7 da manhã tenho que ir trabalhar e que estou preso numa ilha. Nova aterragem e desembarque. Desta vez o pessoal não está com contemplações. Rodeiam a representante da companhia e aos berros exigem explicações e soluções. Bem, vamos comprar bolachas e gomas. Quando chegamos à caixa a senhora pergunta se estávamos no avião que voltou. ‘Si, dos veces’. ‘Dos veces?! Madre de Dios’ exclama de olhos arregalados. Sorrimos e encolhemos os ombros. Só nos resta esperar. Três portugueses falam sobre casas de passe e ‘meninas’. O teutónico que estava sentado na fila do lado está nitidamente a fazer-se à alemã pro-activa, que por sua vez parece mais interessada numa outra alemã que vai a Lisboa ter com o namorado. Muitas horas depois lá embarcamos outra vez. Ainda ficamos 1 hora dentro do avião à espera da tripulação. Descolamos, desta vez sem problemas. Chegamos a Lisboa às 11 da noite. Era suposto chegar à 3 da tarde. Enfim, mais uma história para contar aos neto.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Pequenos passos. Assim se começr a caminhar. Assim se começa a defender o ambiente.
Pequenos passos como separar e reciclar os lixos domésticos, instalar lâmpadas económicas em casa, aderir ao tarifário edp5D verde. Ao aderir a este tarifário, a empresa compromete-se a que seja introduzida na rede uma quantidade de energia equivalente ao consumo anual, proveniente de fontes ambientalmente limpas (hídrica, eólica ou solar). Recentemente dei mais um pequeno passo. Passei a utilizar o Google Black em vez do Google normal. Porquê?
"Image displayed is primarily a function of the user's color settings and desktop graphics, as well as the color and size of open application windows; a given monitor requires more power to display a white (or light) screen than a black (or dark) screen."
O link é http://www.blackle.com/
Por isso mesmo este blog mudou. Mais escuro, mais amigo do ambiente.

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Ando na senda do politicamente incorrecto. Aqui há tempos vi um filme chamado ‘Obrigado por Fumar’. Quando esperava mais uma lição de moral sobre os malefícios do tabaco, eis que fico boquiaberto. Não, não é um incentivo aos fumadores. Fala única e exclusivamente… da liberdade de escolha. Isso mesmo. A liberdade de poder escolher se quero fumar ou não. E podem crer que quero. Quero poder fumar sem ter que levar na cabeça sempre que acendo um cigarro. Sem ter que ouvir a mesma lenga-lenga repetida até à exaustão de que estou a espetar mais um prego no caixão. Fumo por vício? Talvez. Mas dá-me muito, muito prazer. Estou avisado de que pode provocar o cancro, morte prematura, envelhecimento precoce. Estou ciente disso. Mas tenho a liberdade de escolher fumar, da mesma forma que as outras pessoas não têm que estar a levar com o meu fumo. Respeito isso e só peço que respeitem a minha escolha.
Afinal de contas há pessoas que chegam a idades bastante respeitáveis e sempre fumaram. Da mesma forma que pessoas que nunca fumaram foram vitimas de cancro do pulmão. Afinal a vida é como uma roleta russa. E o tabaco é apenas uma pequena percentagem da pólvora do cartucho.
Já agora ficam a saber que durante todo o filme não se vê ninguém a fumar. Curioso, não é?

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Estou viciado em erva. Quero dizer, na nova série da RTP2. Weeds é a série mais politicamente incorrecta dos últimos anos. Todos os mitos da América moralista e pudica são complemente arrasados. Da política aos defensores do conceito de família tradicional, ninguém escapa ao sarcasmo. A criança que é gorda e que se quer tornar lésbica porque não quer emagrecer é um bom exemplo disso.
Se bem que a mensagem que poderá passar possa ser perigosa. Especialmente para mim, que sou facilmente influenciável por estas coisas. Só para vos dar um exemplo, quando vi o filme Sideways o impulso para beber vinho foi tão forte que acabei por abrir uma garrafa e bebê-la toda. Sozinho! Enfim, espero que não me aconteça o mesmo com esta série. A ver vamos...

segunda-feira, 20 de agosto de 2007


Sinceramente, há com cada uma...
Será uma homenagem ao Gato Fedorento? Reto, reto, reto...

domingo, 22 de julho de 2007

Hoje resolvi fazer algo diferente. Já é habitual levar a minha filhota a andar de bicicleta para os jardins da Expo. Hoje não seria diferente, não fosse o facto de ter decidido acompanhá-la de bicicleta. Para o efeito desencantei duas bicicletas que pertenciam à minha mãe. Fiz revisão geral a uma delas e pronto, eis uma máquina infernal prontar a rolar.
Quando cheguei estava um pouco apreensivo. Ok, toda a gente diz que nunca se desaprende. Mas não ando de bicicleta à mais anos do que aqueles que a minha filha tem. E numa Expo cheia de gente a passear a perspectiva de fazer figura de urso era bastante real. Para meu grande alívio, o dizer popular confirma-se. Após uma pequena hesitação lá arranquei. Fui ganhando confiança e pedalava orgulhosamente atrás da filhota.
Já completamente à vontande, avistei o parque radical cheio de míudos a executarem as mais diversas manobras. Sem pensar, arranquei a grande velocidade pelo parque dentro. Evitei o primeiro puto por unha negra. O segundo não teve tanta sorte. O skate embateu violentamente na roda da frente enquanto ele enrolava um mortal por cima da mesma. Fiquei parado em cima da bicicleta com o guiador completamente torcido a olhar incrédulo para o puto. Ele levantou-se a cambalear e a pedir imensa desculpa. Perguntei-lhe se não se tinha magoado. Respondeu que não e até se prontificou a ajudar a endireitar o guiador. Super arrependido mas sem dar parte de fraco, saí de mansínho do parque. O resto do passeio decorreu se sobressaltos e sem mais manobras radicais.
Corremos a expo de uma ponta à outra. Fiquei fã. Tenho que fazer isto mais vezes.

segunda-feira, 16 de julho de 2007

Pessoal, estou de volta após um longo período sem postar. Muitos perguntarão porque passou tanto tempo. É simples. Não me apeteceu. Não tinha vontade nem inspiração. Mas sou assim mesmo, de vez em quando salta-me a veia de escritor e vai de postar. Por isso é aproveitar, porque nunca se sabe quando a vontade vai faltar.

quarta-feira, 18 de abril de 2007

Bem sei que não sirvo de exemplo para ninguém. Sou fumador e fumo mais do que devia. Mas pronto, ninguém é perfeito não é?
Ora, ia eu muito bem a entrar no centro comercial, quando sou abordado por um miúdo.
‘Olhe, desculpe, podia dar-me um cigarro?’
Olhei para ele num misto de espanto e choque.
‘O quê?! Queres um cigarro?’
‘Sim, se faz favor…’
‘Oh meu, tu não não tens idade para fumar!’
‘Tenho, tenho! Já tenho 13 anos!’
‘Já tens 13 anos?!’ O puto é maluco, pensei.
‘Tenho! Pode ir perguntar aos miúdos que ali estão’ , e apontou para um grupo de aspirantes a adolescentes sentados num muro.
‘Puto, desculpa lá, mas não tens idade para fumar. Não te dou um cigarro.’
‘Vá lá, dê lá!’
‘Não!’ E segui o meu caminho.
Tenho a certeza que mais tarde ou mais cedo alguém lhe ia dar um cigarro. Imaginei a ‘chavalada’ toda sentada no muro a passar o cigarro.Chamem-me o que quiserem. Não lhe dei o cigarro. E sei que vou dormir muito melhor com isso.

segunda-feira, 16 de abril de 2007

Bem, parece que passou. A fase negra. Já agora, uma novidade. Juntei-me ao mundo dos que usam óculos. É verdade. Aqui o vosso fiel amigo já tem uns óculos tipo engenheiro espacial. O mais engraçado é que só topei que via mal quando por brincadeira experimentei os da minha parceira. E de repente o mundo já não era desfocado. Era nítido e brilhante.
Hoje fui buscar os meus. Convém dizer que fui bem para o centro de Lisboa às 6 da tarde. Com a sorte com que tenho andado vou andar horas à procura de lugar para estacionar. Mas não. Encontro lugar à primeira. Desconfiado entro no oculista. À pinha. Fico na fila. Até que uma rapariga conhecida que lá trabalha vem ter comigo. Cumprimenta-me e pergunta se venho buscar os óculos. Respondo afirmativamente e automaticamente passo à frente da maralha toda. Resultado, apenas 10 minutos passaram desde que cheguei até que saí.
Já na rua reparo que estou sem tabaco. Entro num café e dirigo-me à máquina. Saco da carteira. Bolas… os trocos não chegam. Vou ao balcão e pergunto se me trocam 5 euros. Não. Era de esperar. Ainda estive para pedir um café e pagar com a dita nota. Não vale a pena. Quando já ia a sair, uma senhora que estava a beber o seu galão ao balcão gritou: ‘Olhe que eu troco-lhe o dinheiro!’ Espantado com tamanha generosidade, pouco habitual nos tempos que correm, aceitei grato a oferta. E foi com ar triunfal que saquei o tabaco da máquina.
O sol já se estava a pôr, lançando a característica luz dourada de fim de tarde sobre a cidade. Trãnsito, claro. Mas não me ralei. Boa música na Radar. Vidro aberto. As velhas ruas de Lisboa. Pessoas que vão e vêm. Alegres, tristes, apressadas, descontraídas, velhas, novas. Prédios fantásticos. Zonas calmas que nem parecem estar no centro da cidade. O pulsar de uma cidade. A energia que não se vê, mas se sente. Estou completamente absorto, mente vazia, apenas observando. Guiava por instinto e não dei pelo tempo passar, como que hipnotizado pela luz que se espraia pelas ruas e fachadas. E já perto de casa ‘Razorblade’ dos Strokes. Quando finalmente cheguei, tinha a sensação de ter visto o mundo. Levantei os estores e deixei a última luz do dia invadir a casa.Passou. A fase negra passou. Até a minha amada se sente melhor. O mundo é belo e vale a pena estar vivo.

domingo, 15 de abril de 2007

Estava eu, calmamente, parado no trãnsito da 2ª circular, quando de repente vejo um camião carregado de Smarts. Até aqui nada de novo. Não fossem os referidos smarts cor-de-rosa com corações e na porta, espanto dos espantos, as famosas perninhas com os ténis da Floribella. Não queria acreditar nos meus olhos. O Smart até é um carro fixe, cabe debaixo do braço e dá para levar para casa e guardar na dispensa. Guiar um Smart com anúncios da Credial ou da Santa Casa, pronto… a malta até desculpa. Agora um Smart cor-de-rosa, a dizer Floribella e com corações a fazer de tampões de rodas é definitivamente um convite à gozação.
Mas isso não é o pior. Já me imagino a passear com a filhota e cruzar-me com uma destas aberrações. Dado o tamanho do carro ela ainda vai pensar que se trata de um carrinho a pedais vai pedir-me um. E quando lhe disser que aquilo é um carro a sério vai julgar que sou mentiroso.
Mas sobretudo, isto reflecte o estado das coisas. Já não basta os nossos filhos verem tamanha falta de inteligência na televisão, vestirem cuecas e meias Floribella, dormirem em lençóis Floribella, beberem leite de uma caneca Floribella, agora também têm Floribella quando estão no trãnsito.
Que país tão pobre de espirito, valha-me Deus!

quarta-feira, 11 de abril de 2007

Fantástica a nova imagem da RTP2. Vejam alguns dos cartões de visita. Vale a pena.

Camara Clara

Sopranos

Noddy

terça-feira, 10 de abril de 2007

A vida é como um circulo vicioso. Há alturas em que tudo nos corre bem e a vida é cor de rosa. Ganhamos confiança e quando nos julgamos o maior da aldeia, lá levamos uma marretada que nos obriga a descer à terra. Inicia-se assim a chamada fase negra. Aquela em que tudo corre mal. Em que mais vale ficar em casa, porta trancada e estores em baixo.
Há cerca de duas semanas entrei numa destas fases.
Era Sábado. Acordei e saí de casa. Ao contrário do habitual não pus o carro na garagem. Arranquei para parar 10 metros depois. Um pneu furado. Bom, não há de ser nada. Mudo de carro, o pneu fica para mais tarde. Almocei. Avenida de Roma. Lojas de materiais para casa de banho e cozinha. Já agora, ficam a saber que vou remodelar completamente as casas de banho e a cozinha. Tudo fechado. Claro, Sábado à tarde. Burro... IKEA. Um mar de gente. 20 min para estacionar. Livra!
Finalmente chega a hora de jantar, já depois de trocar o pneu. Um aniversário. Tudo bem, divertido. Saímos já tarde do restaurante rumo ao BBC. Novamente um mar de gente. Stress com o porteiro. Lá entramos. Começo a sentir-me esquisito. Vou buscar um Vodka. Dois golos e saio desparado para a casa de banho. Uma paragem de digestão. Vinho ao jantar e dois golos de Vodka não fazem isto. Do mal o menos. Agora sinto-me bem. Não bebo mais, ainda tenho força para dançar. Aguentei cerca de uma hora. Nova corrida à casa de banho. Que figura, agarrado à sanita no BBC. Desta vez fico mal, mesmo mal. Vamos embora. Entrego a chave do carro, não estou em condições de conduzir. Cheguei a casa. Assim que entrei fui a correr para a casa de banho. Tentei dormir o melhor que pude. Acordei algumas quatro vezes para beber água. Resultado, quando me levantei pela última vez o estômago fazia um barulho semelhante ao de uma máquina de lavar roupa. E mais uma vez abracei a sanita.
Almoço em casa dos ‘sogros’. Todos a comerem do bom e do belo. Eu a chá e torradas. Jantar em casa de amigos. A ideia era ver a bola e beber umas cervejas. Eu bebi chá. Lá arrisquei comer frango assado. Correu bem.
Segunda feira acordei sem voz. Passei o dia todo assim. Lá melhorei na Terça.
No fim-de-semana seguinte fui para o Algarve. O leitor de CDs do carro deu o berro. Choveu a potes. Até granizo. Trânsito infernal no regresso. Quase quatro horas até Lisboa.
Nunca me deixei abater. Talvez porque estivesse sempre em boa companhia. Ou simplesmente tenho mais em que pensar...

segunda-feira, 12 de março de 2007

Por vezes acontecem coisas estranhas. Como hoje no emprego.
Uma colega de trabalho aparece do nada. ‘Oh pá, não percebo. Vim agora de férias e tu consegues estar mais bronzeado que eu! Não percebo.’ Quem ficou sem perceber nada fui eu. Tirando umas duas horitas em que estive sentado numa esplanada junto à praia, não tenho apanhado sol. Até porque o tempo não o permite. Notei que ela tinha os braços a pelar. Não perguntei, mas calculei que estivesse estado de férias num qualquer paraíso tropical.
Horas mais tarde, enquanto fumava, dei de caras com uma amiga. Para quem assiste a uma conversa minha com ela parece que somos maluquinhos. Ela é espanhola, mas fala inglês como ninguém. De modo que tão depressa estamos a falar inglês como português. Por vezes na mesma frase.
‘Hello sweetheart! Estás com um ‘ganda bronze!’
Olhei para ela com espanto. ‘Mas porque é que toda a gente me diz isso hoje? Não tenho apanhado sol nenhum!’
‘Well it’s not really a tan, it’s more like a glow.’
‘A glow?!’
‘Yeah! You look good. You’re in love, aren’t you?’
A pergunta foi feita à queima roupa. Livra! As mulheres e o seu sexto sentido…
Respondi enquanto olhava para o chão e chutava uma pedrinha.
‘Yap.’
‘Pareces feliz…’
‘That’s ‘cause I really am.’
‘Olha, fico muito feliz por ti.’
Sorri. À volta as pessoas olhavam para mim sem saber o que dizer. Não importa. Queria mesmo gritar aos quatro ventos a minha felicidade.
Mais tarde descobri que um colega de trabalho bastante próximo foi em tempos forcado amador. Não pude deixar de o imaginar de lantejoulas e barrete na cabeça a rabejar o animal. Mas isso são outros quinhentos.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Nunca tive o hábito de festejar o Dia dos Namorados. Aliás, abomino toda a exploração comercial à volta deste dia.
Mas este ano foi diferente. Aproveitei o dia como pretexto para algo diferente.
Primeiro passo, comprar um presente. Entro na loja, escolho o que quero. A rapariga da caixa vê-se aflita para fazer um embrulho decente. A senhora que aguardava a sua vez para pagar resolve deitar mãos à obra. Qual supervisora de operações de embrulho. ‘Ponha dentro daquele saco, corte as asas. Depois ponha tudo dentro do outro saco. Deixe que ajudo.’ Do alto da minha ingenuidade agradeço a ajuda mas afirmo que afinal de contas o presente não é o mais importante. A resposta da senhora foi pronta e expontânea. ‘Pois, os olhos também comem.’ Fiquei mudo a olhar para ela, sem perceber se aquilo se referia a mim ou ao embrulho. Paguei à pressa e saí da loja com um embrulho feito às três pancadas.
Segundo passo, jantar à luz das velas. Em minha casa e eu cozinho. Uma tábua de queijos variados para aguçar o paladar. Salmão grelhado, brócolos e espinafres salteados. Tudo regado com um bom vinho tinto. Gelado e morangos para a sobremesa. Comemos à luz das velas, entre risos e conversa. Dentro do espírito do dia, fui ao meu baú de recordações e tirei as cartas de amores adolescentes. Foi um fartote. Tanta ingenuidade escrita. Dançámos ao som de Ella Fitzgerald, murmurámos as letras. Caímos no sofá. Abraçados, trocámos pensamentos. Até o CD terminar.
Fui uma noite fabulosa e diferente. O meu espírito está em paz e estou feliz. Mas torna-se difícil. Viver um dia de cada vez.

sábado, 10 de fevereiro de 2007

Ok, admito. Sou um bocado esquisito. Sou assim, nada a fazer.
Precisava de umas calças novas. Mas não me apetecia entrar numa loja, escolher, experimentar, medir a bainha e esperar cerca de 2 dias para finalmente as poder vestir. Embuído do mais puro espírito consumista dirigi-me ao hiper mais próximo. Dilema imediato. Qual o meu numero? Ora bem, se eu calço o 41 de certeza que visto para aí o 40, 41. Lógico, não é? Para ter a certeza retiro as calças do cabide e seguro-as à minha frente, alinhando-as pela cintura. Parece-me bem. Levo estas.
Chego a casa todo orgulhoso. Experimento as calças. Cabem 3 dedos na cintura e ainda tenho que crescer à vontade 5 cm. Nada de pânico. Tudo tem solução. Ponho as calças na máquina de lavar e escolho um programa a 60º. Na boa. De certeza que depois de encolherem vão assentar que nem uma luva. 1 dia para secarem. Experimento de novo. Os mesmos 3 dedos. E definitivamente não cresci.
Teimoso. No dia seguinte vou trabalhar com as calças novas. Passei o dia a puxar as calças para cima e a pisar a bainha.
Não dá. Vou ter que comprar outras. Mas desta vez numa loja. Vou experimentar, medir a bainha e esperar 2 dias.
Entretanto tenho umas calças novinhas em folhar para dar a quem vista o 41.

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

Bom, isto de andar feliz tem que se lhe diga. Não que me queixe. Longe disso. Mas tenho que reconhecer que as prioridades mudam.
Para começar, o blog. Muita coisa gostaria de escrever. Mas não posso. Não para já. E não me apetece escrever sobre outras coisas.
Depois, o dia a dia. Outros locais, outras pessoas, um ritmo completamente diferente. A minha mãe já começou a estranhar tantas faltas ao jantar.
Ando sempre atento aos mails que chegam. Alguns provocam um sorriso. Os meus colegas de trabalho olham para mim de lado e perguntam se estou bem. Alguns inclinam-se para espreitar. Minimizar janelas em tempo recorde tornou-se hábito. Para meu espanto, voltei a corar. De vez em quando lá fico vermelho como um tomate. Felizmente nisso ainda ninguém reparou.
Nunca mais tratei de instalar o exaustor na cozinha, de pedir ao Sr. Zé para me vir retocar as paredes, de trocar o espelho da casa de banho, de arrumar a dispensa. Já devia ter pago o condominio e a factura da internet. A roupa para passar a ferro jaz num monte intimidador. A papelada para o IRS está espalhada por duas gavetas. Ao tempo que ando para carregar fotos no hi5.
Mas tudo isso pode esperar. A felicidade é que não. :)

domingo, 4 de fevereiro de 2007

Quinta-feira estive num jantar de despedida. Um colega de trabalho que parte à conquista do seu sonho. Que seja muito feliz. Ele é o exemplo perfeito de que nunca devemos desistir dos nossos sonhos.
A noite anterior tinha sido curta. Confesso que não estava com muita energia. Mas tratando-se de um colega de longa data achei meu dever comparecer. Restaurante típico. Algumas sangrias mais tarde estava como novo. Boa oportunidade para estar com amigos, alguns dos quais não via há bastante tempo. Ouvimos cantar o Fado. Depois de bastante sagria, a coisa torna-se algo deprimente.
Todos para as docas. Um bar quase vazio e música de casamento. Não interessa. Dancei como se não houvesse amanhã. Até reparar nas horas. 5 e meia da manhã. Bolas. É suposto ir trabalhar às 7. Apressei-me para casa. A ideia era tomar banho, mudar de roupa e sair. Cheguei e sentei-me um pouco no sofá. Não me lembro de fechar os olhos. Quando os abri estava na cama, vestido com casaco e tudo. Que se dane o banho. Lavei-me como pude e troquei de roupa. A manhã foi longa, muito longa. Curiosamente após o almoço despertei. Era para ter saído mais cedo, mas acabei por chegar a casa por volta das 7. Tinha encontro marcado para as 9. Não dormi e passei longos minutos no duche. Comi um hamburger à pressa, já na rua.
Fomos tomar café ao Casino de Lisboa. Conversa super agradável. Até reparar que já era meia-noite. Quando finalmente adormeci era muito mais tarde...
Despertei feliz e em paz. Arranjei-me ao som de Sade. Um convite inesperado para jantar. A tarde passou entre chás exóticos, mobilias chinesas e o stress de comprar queijos e vinho num hiper. O Jantar foi animado. Até reparar que já passava da 1 da manhã.
Definitivamente, a primavera chegou a mim. Sinto-me jovem e cheio de energia. E com um desejo enorme de comer morangos.

terça-feira, 30 de janeiro de 2007

E de repente…
Acordo bem disposto.
Um sorriso.
Um fim de semana de sonho.
Um desejo.
Algo caiu do céu.
Aos trambolhões...

domingo, 28 de janeiro de 2007

Ofereceram-me um fervedor de água eléctrico. Funcionou como devia. A água fervia. Aproveitei e fiz chá. Verde. Com uma caneca fumegante na mão espreitei pela janela. Tempo cinzento. Gotas de água no vidros. Apertei as mãos à volta da caneca numa tentativa de as aquecer. Olhei para a mesa. ‘Enquanto Salazar dormia’. Boa altura para ler, pensei. Peguei no livro e no CD de JP Simões, também oferecido. Espojei-me no sofá e cobri-me com uma manta. Quando soaram os primeiros acordes iniciei a leitura. Só parei quando o CD terminou, 3 canecas de chá e várias páginas depois. Bom livro, boa música.
Olhei novamente pela janela. O mesmo cenário. Vou ver um filme. Syriana. Parece ser bom. Refastelei-me novamente no sofá a ver o filme. Quando terminou já escurecia lá fora. Passei rapidamente pelos canais de televisão. Nada de especial. Desliguei-a. Pus um CD de John Coltrane e fui passar camisas a ferro.
Pode não parecer, mas foi uma tarde bem passada. Igual a muitas outras tardes de Domingo. Mas desta vez, uma diferença. Estou feliz. Não digo porquê. Mas estou feliz. E JP Simões é bom. Muito bom.

sexta-feira, 26 de janeiro de 2007



A tarde é de oiro rútilo: esbraseia.
O horizonte: um cacto purpurino.
E a vaga esbelta que palpita e ondeia,
Com uma frágil graça de menino,

Pousa o manto de arminho na areia
E lá vai, e lá segue o seu destino!
E o sol, nas casas brancas que incendeia,
Desenha mãos sangrentas de assassino!

Que linda tarde aberta sobre o mar!
Vai deitando do céu molhos de rosas
Que Apolo se entretém a desfolhar...

E, sobre mim, em gestos palpitantes,
As tuas mãos morenas, milagrosas,
São as asas do sol, agonizantes...

Florbela Espanca

quarta-feira, 24 de janeiro de 2007

Envolvi-me hoje numa conversa interessantíssima. Começou com uma observação sobre mudanças climatéricas que nos têm atingido ultimamente. Rapidamente chegou a uma troca de ideias sobre o que é crescer agora, comparado com o que era crescer à 20 anos atrás.
Veio-me à memória um episódio recente. Andava eu a tirar coisas dos caixotes, quando dou de caras com a minha pequena colecção de discos de vinil. A minha filha perguntou o que era. Assumindo que toda gente sabe o que é, disse-lhe com a maior das naturalidades que eram discos de música. Fez-se silêncio. Reparei então que olhava para mim com o ar mais incrédulo do mundo. Fez-se luz. Ela, como muitas crianças da sua idade nunca viram discos de vinil. Lá lhe expliquei, tirando um da capa, que uma pequena agulha passava naqueles riscos que se viam e que ao ‘tremer’ produzia som. Mais incrédula ficou. Tive pena de não poder demonstrar na prática como funciona. Mas estou decidido. Nem que seja na Feira da Ladra, vou comprar um gira discos. E ela há-de ouvir música de um disco de vinil. Talvez então acredite em mim.

segunda-feira, 22 de janeiro de 2007


Nada é real, nada em seus vãos moveres


Pertence a uma forma definida,


Rastro visto de coisa só ouvida.



Fernando Pessoa, 28-9-1933.

domingo, 21 de janeiro de 2007

Sexta-feira à tarde. Aconselharam-me a fazer yoga. Mostraram-me uma revista. Enviaram-me um link. Fiquei pensativo e preplexo. Yoga. Ora aí está algo em que nunca tinha pensado. Talvez experimente. Logo se vê.
Ainda na sexta, ao fim do dia. Uma amiga queria falar comigo. Um desabafo. Não fui grande ajuda. Mas penso que ficou contente só por ter alguém que a ouvisse. Senti-me bem.
Hora de jantar. Chegou o meu amigo. Saimos juntos. Parámos num barzito antes de jantar. Duas Imperais e conversa. Depois sushi. Sake quente a acompanhar. Bar do CineArte. Mais duas imperiais e alguma conversa. Plateau. Aos anos que lá não ia. A decoração estás diferente. Música dos anos 80. Cada nova música tentávamos lembrar o nome da banda. ‘Midnight Oil’ exclamou. Não é nada, dizia eu. Mensagem para o infeliz que estava no turno da noite. ‘Pá, procura aí na net quem canta isto’. Minutos depois chegava a resposta. Midnight Oil. Bolas. Pago eu. Vodka para mim, cerveja para ele. Nova mensagem. ‘Wake me up before you go, go’. A resposta foi pronta. ‘Às 7 da manhã? Na boa!’ Brincalhão… chega de mensagens.
Cheguei bem a casa, apesar de tudo.
Sábado passei o dia alucinado. A minha filhota cheia de energia. Aguentei-me com ajuda de cafeína. Até adormecer no sofá enquanto ela contava os cromos da caderneta. Acordei sobressaltado. Vamos passear. É melhor.
À noite um desencontro. Esperei e desesperei. Telemóvel nada. SMS sem resposta. Fui para casa. Chegou a resposta ao SMS. Sim às 11. Mas da manhã. De amanhã.
Domingo dedicado à casa. Limpeza geral. Passar a ferro. Cozinhar. Quando finalmente terminei pensei que afinal o Yoga é capaz de não ser má ideia. As minhas costas são a favor.

quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

A minha Avó foi novamente hospitalizada. Tornou-se uma rotina macabra. De vez em quando lá se fica com o coração nas mãos. Mas ela é rija. E tem regressado sempre a casa. Nestas alturas lembro-me especialmente do meu Avô Joaquim. O Vô Quincas.
Fui o seu primeiro neto. Ainda por cima rapaz. Por isso especial. Amava as suas duas filhas. Mas eu era o filho que nunca teve.
Era um verdadeiro chefe de família. Mantinha-a unida. Todos os Domingos, almoço em sua casa. Filhas, genros e netos. Férias todos juntos na casa do Vimeiro. Verões inteiros.
Tinha um pequeno negócio de revenda de móveis. O escritório era na Rua dos Anjos ao Intendente. Essa mesmo. A rua das ‘meninas’. Quando não tinha aulas era para lá que ia. Fazia-me moço de recados. Ia ao talho, à mercearia e até ao Banco. Com molhos de cheques para depositar e formulário devidamente preenchido. Ainda me lembro de caminhar pela Rua dos Anjos, envelope com cheques na mão e derrepente ouvir ‘oh franguinho, anda cá que te vou ensinar uma coisa’. Nunca parei. Ainda hoje estou curioso. Imaginem o espanto dos caixas, ao me verem tão novinho a depositar quantias avultadas em cheques.
Nos tempos mortos ia ter com o Sr. Zé, o marceneiro. Serrava, pregava e colava como se não houvesse amanhã. Até nova tarefa me ser atribuida.
Aos clientes apresentava-me como seu secretário. Na casa do Vimeiro era o seu encarregado. Às 6ª feiras, almoço em Odivelas com os empregados do armazém. Aliás, almoços e jantares eram o seu forte. Tinha prazer em comer. Muito e bem. Costumava dizer ‘antes faça mal, que sobre’. Nem sei como me aguentei assim.Magrinho.
De vez enquando, em tempo de aulas, fazia-me uma surpresa. Aparecia à porta da escola, na sua Peugeot 504. Lá iamos todos. Eu e colegas. Distribuição porta a porta.
Lembro-me especialmente de um fim de semana. Eu já adolescente, recusei o convite para ir ao Vimeiro. Era normal lá ir com ele. Tratar da casa e das árvores de fruto. Naquele não fui. Fui ver Brian Adams com amigos ao Estádio de Alvalade.
Quando cheguei a casa deram-me a noticia. O meu avô tinha morrido. Coração.
Carreguei o caixão. Como seu filho. Mas nunca chorei. Senti a perda. Mas não chorei. Como me arrependo. Do fim de semana. E de não ter chorado.
Tenho-o sempre comigo. Acredito que esteja ele onde estiver, olha por mim. È o meu Anjo da Guarda. Sei que está bem. Nunca lho disse. Digo-lhe hoje. Sinto muito a tua falta Vô…

quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

Hoje foi um daqueles raros dias em que liguei a televsião. Maldita a hora em que o fiz. Deparei com uma noticia que me deixou profundamente abalado.
O ‘pai’ biológico de uma criança de 6 anos reclama a sua custódia. A dita criança foi adoptada ainda pequenina, já que a mãe não tem condições para a criar. Viveu grande parte da sua curta existência com os pais adoptivos. O ‘pai’ biológico argumenta só agora ter sabido da sua existência. O mais espantoso de tudo isto é que um qualquer juiz, iluminado por toda a sabedoria dos canhanhos de Direito, atribuio a custódia ao ‘pai’ biológico. Ora, os pais adoptivos não perdem tempo. Fogem com a criança para parte incerta. Discute-se a justiça do pai adoptivo ter sido condenado a 6 anos de prisão.
Como fica tão inocente criança no meio disto? Que espécie de energúmeno que se auto-intitula ‘pai’ reclama a custódia de uma criança adoptada à 6 anos? Amor não seria deixá-la permanecer junto dos pais adoptivos? Que monstro consegue atribuir custódia ao ‘pai’ biológico? Para que servem leis que condenam crianças a conviver com tamanho trauma? Com que direito se ‘rapta’ uma criança?
È por estas e por outras que sou a favor da nova lei do aborto. Para uma criança viver assim, mais valia não ter nascido.

terça-feira, 16 de janeiro de 2007

segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

Devo ser uma das poucas pessoas que tem uma sova, dada pelo pai, registada em fotografia.
Devia ter à volta de 7 anos. Obviamente já não me lembro do que poderá ter causado tamanhas palmadas. Mas coisa boa não terá sido.
As fotos foram tiradas pela minha mãe. E não as divulgo, pois o seu conteúdo poderá ferir algumas susceptibilidades.
Ponho-me a pensar se não terá sido ela a precursora dos Reality Shows. Ao rever aquelas fotos, senti-me devassado na minha privacidade infantil. Caramba! É que aparecer nú em cima da cama, ou mesmo na praia, pronto… è de homem. Mas agora a levar um arraial de porrada. Que é isso?!
Estou mesmo a imaginar! Tios, primas e afins todos a olharem para as fotos como quem olha para dentro da casa do Big Brother. Aaaaaargh! Sou o Zé Maria da família! E não adianta processar a minha mãe, porque decerto que o crime já prescreveu.
Mas ela não perde pela demora! Amanhã vou-lhe telefonar. Logo pela manhã. Vou jantar lá casa. Na boa. Tudo normal. Assim que a porta da rua fechar… zás, digo-lhe das boas. Até ela pedir perdão publicamente perante todos os membros da família. E então sim. A minha honra será reposta.Ou talvez não…

domingo, 14 de janeiro de 2007

They told me I couldn’t come back here again
Took me for some kind of fool
Said I was doing things that never should be done
But I don’t care about their rules

As if I cared about the little minds
In the little heads of the herd
There’s nothing you could dream
Would be more absurd

I don’t know what it is they’re trying to do to me
Make me into some sick joke
But no one’s laughing
And least of all not me
It’s hard to laugh as you choke

Eels
Não tenho o hábito de ver televisão. Pode parecer estranho a muita gente, mas não estou a pensar instalar televisão por cabo.
Por vezes enquanto passo a ferro lá ligo a televisão. Quase sempre na 2. Mas, sinceramente, prefiro engomar camisas ao som de Duke Ellington, Charlie Parker ou Ella Fitzgerald. Não sei porquê, a coisa corre melhor ao som de Jazz.
Nunca pensei que isso fosse um impedimento social. Até há uns dias atrás.
Primeiro a minha irmã. Calhou em conversa a série Perdidos. Nunca vi um episódio completo. E disse-lho. E a conversa morreu.
Depois numa troca de mails. Do outro lado exclamaram ‘Boa! Vai começar o Dr. House!’ E eu, na minha infinita ingenuidade perguntei o que era aquilo. O mail de resposta foi simpático, mas deu-me a entender que acabei de chegar de Marte. E mais uma vez a conversa morreu.
Acho que a partir de agora me vou obrigar a ver mais televisão. Não gosto de ficar para trás numa conversa. As camisas vão sofrer. Mas a minha vida social vai melhorar de certeza.

sexta-feira, 12 de janeiro de 2007

O sofá chegou finalmente.
As férias estão no fim. Assim como o dia. O trãnsito lá fora. Como num filme mudo. Banda sonora dos Lambchop. Milhares de luzes surgem no horizonte. Um copo de vinho tinto. Um cigarro.
Vou jantar com um amigo. Tenho tempo.
Simples. As coisas da vida que nos fazem sentir bem.

quinta-feira, 11 de janeiro de 2007

Moro num 11º andar. A minha penthouse, como lhe chamo. Uma vista espetacular. Infelizmente, não sobre Lisboa. Sobre o rio. Na zona que escolhi. Sortudo.
Os elevadores. O meu maior problema. Não, não tenho medo. E nunca deixaram de funcionar desde que aqui estou. Já lá vão uns meses.
São 11 andares, 4 apartamentos por andar. Sendo que em muitos deles moram famílias numerosas. Isto para dar uma ideia do movimento no prédio.
Ora, o meu maior problema é… não ir sozinho no elevador. Não sei porquê! Não sofro de clautrofobia, não me considero anti-social, não sou tímido. Bem sou um pouco, mas nada de muito grave.
Odeio não ir sozinho no elevador. Já dei por mim a correr para ver se evito a pessoa que vem a chegar. Já fingi falar ao telemóvel para não apanhar o elevador. Dou graças a Deus por chegar carregado. Posso dar uma de simpático e dizer para irem andando que o elevador é pequeno. Mas há alturas que não dá para evitar. Como hoje. Cheguei carregado de compras. Enquanto esperava, outra pessoa entra no prédio. Não há problema. Estou carregado. O elevador chega. Já tinha a frase engatilhada. ‘Vá andando que eu estou carregado. Espero pelo próximo’. Ele insiste. ‘Venha, não há problema, eu seguro-lhe a porta’. Sacana. Anti-cristo. O gajo está a fazer de propósito, só pode. Lá entro. Carregado. As duas mãos ocupadas. Mas para ele não basta. Não! Apostado em me humilhar por completo, pergunta-me para que andar vou. E carrega no botão! F..-se. Isto é demais. Espera, calma. Respira fundo. Pode ser que ele saia no 2º. 3º no máximo. O quê? 8º andar. Pronto. Estou morto. Não vou aguentar. O elevador arranca, finalmente. Começa o calvário. Silêncio. Olho para ele. Para o chão. Os meu sapatos. Olho para a porta. Ainda só vai no 2º. Olho para o tecto. Para os botões. Silêncio. Wok numa mão. Calhas na outra. Queria olhar para o relógio, mas não uso. Tenho que comprar um. Rapidamente. 4º andar. Já sei! O telemóvel! Vou ver mensagens. E das importantes! Espera. Tenho as mão ocupadas. Vou pousar isto. Não! Isto é apertado. Vai criar uma confusão. Vou aguentar. Sou um homem, não sou um rato. 6º andar. Silêncio. Olho para o chão, para o lado, para cima. Para a porta, para o espelho, para os botões. Silêncio. Leio as placas de aviso. Já falta pouco. Está quase. 8º andar. Finalmente! Ele empurra a porta e sai. A porta fecha. O elevador arranca. Deixo-me cair para trás. De encontro à parede. Respiro fundo. Olho para o espelho. Estou branco.

quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

Acordar. Banho. Pequeno almoço. Não fiz a cama. Sair. Café. Voltar. Arrumar dispensa. Marcar restaurante para Sábado. Reservar bilhetes para o teatro. Foram em digressão. Porra. E agora? Almoçar. FNAC. Strokes e ‘The Maltese Falcon’. Montar estantes do IKEA. A prateleira ficou ao contrário. Paciência. Agora não vou desmontar tudo. Passar a ferro. Ver o filme. Socorro mãe, conta comigo para o jantar.

terça-feira, 9 de janeiro de 2007

Até nem correu mal o almoço com o meu amigo.
Acordei cedo hoje. Nem sei porquê. Levantei-me e fui à cozinha. Espreitei pela janela. E voltei para a cama. Adormeci. Acordei às 20 para o meio-dia. O almoço estava combinado para a 1. Lavei-me e vesti-me. Não tomei o pequeno-almoço. Saí de casa apesar de tudo sem pressa. Parei para tomar um café. O sítio do costume. Já me conhecem. Assim que entrei já estavam a tirar o café. Foi-me posto à frente sem mesmo o pedir. Já as moedas estavam em cima do balcão. Agradeci e bebi o café. Tem sido assim ultimamente…
Dirigi-me ao local combinado. Estacionei e enquanto caminhava fiz algumas chamadas e troquei algumas mensagens. Praticamente não via para onde ia. As pessoas olhavam para mim com algum espanto. Estou habituado. Inerências profissionais. Já fiz compras num hiper sempre ao telefone. ‘Não faz? E os vendors? 25000 euros? Vê se dá para trocar com outra coisa’. Ao mesmo temnpo tirava um pack de Frize da prateleira. E as pessoas a pensarem que eu sou maluquinho.
Cheguei em cima da hora, ele chegou segundos depois.
Comprimentou-me como se não me visse desde ontem.
De resto tudo normal. Conversa de circunstãncia.
Mas o que mais me impressionou foi o facto de ele estar exactamente como eu estava há uns tempos atrás. Completamente acomodado ao casamento e à rotina. Sem entusiasmo, sem vida.
Porque será que nos tornamos zombies depois do casamento? Será que os padres nos drogam com o vinho da comunhão? A tinta do notário contém alguma bactéria demolidora de personalidades?
Uma coisa é certa, se voltar a casar isso nunca irá acontecer. Primeiro porque já não posso voltar à Igreja. Depois porque assino com luvas cirurgicas e caneta devidamente esterilizada.
Quando cheguei ao carro tinha perdido o cartão do parque. Dirigi-me à recepção a pensar que ia pagar uma multa absurda. A mulherzinha perguntou-me a que horas tinha entrado. Lá lhe disse que tinha sido por volta do meio-dia. Ela pegou num cartão com uma marca de sola de sapato. ‘Meio-dia e dezasseis. Está com sorte, alguém o encontrou.’
Sorte foi ter estado com o meu amigo, pensei eu…

segunda-feira, 8 de janeiro de 2007

Amanhã vou almoçar com um amigo meu. Amigo de longa data, com quem não estou há anos. Desde que casei que praticamente perdemos contaco. À parte os tradicionais telefonemas de Natal e Fim de Ano. Sempre muito curtos. Sempre muito formais.
‘Olá, tudo bem? Sou eu. Então Bom Natal! Obrigado… Está tudo bem? A família? Tudo bem, obrigado. Então, quando mandas vir um filho? Pois, pois… Pronto, então mais uma vez Bom Natal. Tudo de bom pra vocês. Volto a ligar no Fim d’Ano. Obrigado, obrigado… Tchau…’
Éramos inseparáveis, eu e ele. Desde que lhe parti a cabeça. È verdade, numa aula de ginástica. À cabeçada. Foi o inicio de uma bela amizade.
Sempre juntos. Em tudo. Para todo o lado. Outras amizades aconteceram. Mas a nossa sempre prevaleceu.
Chegou a altura de cumprir o meu sonho. Entrei para a Academia da Força Aérea. 1 ano praticamente sem sair de lá. Os que lá estavam comigo eram como irmãos. Saí da casca. Discotecas, bebida, gajas… Um novo mundo para mim. 18 aninhos e dinheiro para gastar. Mas ele sempre comigo. Sempre que era possível estávamos juntos. Dormia em minha casa depois das noitadas. Fomos de férias juntos. Alucinantes. A mulher dele é prima de uma ex namorada minha. Conheceram-se através de mim.
Mas estou com medo. Medo do que acontecerá amanhã. Sinto que me vou encontrar com um estranho. O que vou dizer? Do que vamos falar? No fundo tenho vergonha. De ter proposto este encontro depois do divórcio. ‘Olha, desculpa lá não te ter ligado puto quando tava casado. Mas agora tou dirvociado. Podemos ser amigos outra vez. Boa?!’
Não sei… O que tiver de ser, será.Só tenho o que mereço. Os amigos são para sempre.

domingo, 7 de janeiro de 2007

Duvido que este ano venha a ser tão bom como o que terminou.
Começou mal, muito mal o ano passado. Primeiro a separação depois o divórcio. Para quem se dedicou de corpo e alma a uma relação de 10 anos, parecia o fim da linha.
Mas não foi. E tudo mudou, naturalmentente.
O choque inicial. Isolei-me. Fui para o Vimeiro, onde conheço poucas ou nenhumas pessoas. Precisava de estar só, sentir o que é a solidão. Aos poucos fui ganhando novo alento.
Mudei-me. Para Carnaxide. Que me perdoe quem lá mora, mas o sítio é realmente deprimente. Tudo grita suburbio. Até o ar que se respira. Talvez por isso a SIC seja tão má. Mas estava perto de Lisboa, dos amigos e da família. Curiosamente, foi a partir deste sítio abominável que tudo começou a acontecer.
Uma nova relação amorosa, intensa mas de curta duração. Continuamos amigos. Beijo para ti linda. Obrigado por tudo.
O reforçar de amizades. Partilhar alegrias, tristezas, duvidas e inseguranças. Ou simplesmente divertirmo-nos. Acho que já não posso viver sem eles. È piegas, mas é verdade.
E redescobrir a família. De quem o apoio nunca falta, nos bons e nos maus momentos. Não há nada como o jantar feito pela mãezinha.
Voltei a conhecer Lisboa e estou viciado. Revisitei locais onde já não ia há anos. Descobri novos sítios. Voltei a odiar hipermercados e centros comerciais ao fim de semana.
Comprei casa e mudei-me. Uma espécie de regresso às origens.
Saí de casa aos 18 mas é a primeira vez que moro realmente sozinho. E estou a gostar.
Tudo mudou. Ou melhor, tudo o que em mim andava adormecido despertou. O gosto pelos amigos, pela música, pelo cinema. Mudei o corte de cabelo e a maneira de vestir. Fui a concertos. Pearl Jam, Josh Rouse, Jack Johnson, Koop. Estive em Colombus – Ohio, New York e Republica Dominicana.
Mas sobretudo aprendi a viver um dia de cada vez. E prentendo continuar assim nos próximos tempos.
A passagem de ano foi um resumo. Junto da minha filha tal como no inicio. E depois Irmão Catita no Santiago Alquimista.
De certeza que este ano não vai ser tão bom. Mas não me preocupa. Vivo um dia de cada vez.