segunda-feira, 16 de abril de 2007

Bem, parece que passou. A fase negra. Já agora, uma novidade. Juntei-me ao mundo dos que usam óculos. É verdade. Aqui o vosso fiel amigo já tem uns óculos tipo engenheiro espacial. O mais engraçado é que só topei que via mal quando por brincadeira experimentei os da minha parceira. E de repente o mundo já não era desfocado. Era nítido e brilhante.
Hoje fui buscar os meus. Convém dizer que fui bem para o centro de Lisboa às 6 da tarde. Com a sorte com que tenho andado vou andar horas à procura de lugar para estacionar. Mas não. Encontro lugar à primeira. Desconfiado entro no oculista. À pinha. Fico na fila. Até que uma rapariga conhecida que lá trabalha vem ter comigo. Cumprimenta-me e pergunta se venho buscar os óculos. Respondo afirmativamente e automaticamente passo à frente da maralha toda. Resultado, apenas 10 minutos passaram desde que cheguei até que saí.
Já na rua reparo que estou sem tabaco. Entro num café e dirigo-me à máquina. Saco da carteira. Bolas… os trocos não chegam. Vou ao balcão e pergunto se me trocam 5 euros. Não. Era de esperar. Ainda estive para pedir um café e pagar com a dita nota. Não vale a pena. Quando já ia a sair, uma senhora que estava a beber o seu galão ao balcão gritou: ‘Olhe que eu troco-lhe o dinheiro!’ Espantado com tamanha generosidade, pouco habitual nos tempos que correm, aceitei grato a oferta. E foi com ar triunfal que saquei o tabaco da máquina.
O sol já se estava a pôr, lançando a característica luz dourada de fim de tarde sobre a cidade. Trãnsito, claro. Mas não me ralei. Boa música na Radar. Vidro aberto. As velhas ruas de Lisboa. Pessoas que vão e vêm. Alegres, tristes, apressadas, descontraídas, velhas, novas. Prédios fantásticos. Zonas calmas que nem parecem estar no centro da cidade. O pulsar de uma cidade. A energia que não se vê, mas se sente. Estou completamente absorto, mente vazia, apenas observando. Guiava por instinto e não dei pelo tempo passar, como que hipnotizado pela luz que se espraia pelas ruas e fachadas. E já perto de casa ‘Razorblade’ dos Strokes. Quando finalmente cheguei, tinha a sensação de ter visto o mundo. Levantei os estores e deixei a última luz do dia invadir a casa.Passou. A fase negra passou. Até a minha amada se sente melhor. O mundo é belo e vale a pena estar vivo.

1 comentário:

Anónimo disse...

Uma fase é algo que não é permanente, nem durável, por isso por muito má que seja não dura eternamente. Fico contente por a tua fase negra estar a passar e por arrasto a minha também (infinitamente mais pequena que a tua, mas também ela negra).

Fases boas, más, pequenas ou grandes, passam, mas de uma coisa tenho certeza: venham elas que eu estarei sempre contigo.
Adoro-te!

Pituca de vermelho