quarta-feira, 18 de abril de 2007

Bem sei que não sirvo de exemplo para ninguém. Sou fumador e fumo mais do que devia. Mas pronto, ninguém é perfeito não é?
Ora, ia eu muito bem a entrar no centro comercial, quando sou abordado por um miúdo.
‘Olhe, desculpe, podia dar-me um cigarro?’
Olhei para ele num misto de espanto e choque.
‘O quê?! Queres um cigarro?’
‘Sim, se faz favor…’
‘Oh meu, tu não não tens idade para fumar!’
‘Tenho, tenho! Já tenho 13 anos!’
‘Já tens 13 anos?!’ O puto é maluco, pensei.
‘Tenho! Pode ir perguntar aos miúdos que ali estão’ , e apontou para um grupo de aspirantes a adolescentes sentados num muro.
‘Puto, desculpa lá, mas não tens idade para fumar. Não te dou um cigarro.’
‘Vá lá, dê lá!’
‘Não!’ E segui o meu caminho.
Tenho a certeza que mais tarde ou mais cedo alguém lhe ia dar um cigarro. Imaginei a ‘chavalada’ toda sentada no muro a passar o cigarro.Chamem-me o que quiserem. Não lhe dei o cigarro. E sei que vou dormir muito melhor com isso.

segunda-feira, 16 de abril de 2007

Bem, parece que passou. A fase negra. Já agora, uma novidade. Juntei-me ao mundo dos que usam óculos. É verdade. Aqui o vosso fiel amigo já tem uns óculos tipo engenheiro espacial. O mais engraçado é que só topei que via mal quando por brincadeira experimentei os da minha parceira. E de repente o mundo já não era desfocado. Era nítido e brilhante.
Hoje fui buscar os meus. Convém dizer que fui bem para o centro de Lisboa às 6 da tarde. Com a sorte com que tenho andado vou andar horas à procura de lugar para estacionar. Mas não. Encontro lugar à primeira. Desconfiado entro no oculista. À pinha. Fico na fila. Até que uma rapariga conhecida que lá trabalha vem ter comigo. Cumprimenta-me e pergunta se venho buscar os óculos. Respondo afirmativamente e automaticamente passo à frente da maralha toda. Resultado, apenas 10 minutos passaram desde que cheguei até que saí.
Já na rua reparo que estou sem tabaco. Entro num café e dirigo-me à máquina. Saco da carteira. Bolas… os trocos não chegam. Vou ao balcão e pergunto se me trocam 5 euros. Não. Era de esperar. Ainda estive para pedir um café e pagar com a dita nota. Não vale a pena. Quando já ia a sair, uma senhora que estava a beber o seu galão ao balcão gritou: ‘Olhe que eu troco-lhe o dinheiro!’ Espantado com tamanha generosidade, pouco habitual nos tempos que correm, aceitei grato a oferta. E foi com ar triunfal que saquei o tabaco da máquina.
O sol já se estava a pôr, lançando a característica luz dourada de fim de tarde sobre a cidade. Trãnsito, claro. Mas não me ralei. Boa música na Radar. Vidro aberto. As velhas ruas de Lisboa. Pessoas que vão e vêm. Alegres, tristes, apressadas, descontraídas, velhas, novas. Prédios fantásticos. Zonas calmas que nem parecem estar no centro da cidade. O pulsar de uma cidade. A energia que não se vê, mas se sente. Estou completamente absorto, mente vazia, apenas observando. Guiava por instinto e não dei pelo tempo passar, como que hipnotizado pela luz que se espraia pelas ruas e fachadas. E já perto de casa ‘Razorblade’ dos Strokes. Quando finalmente cheguei, tinha a sensação de ter visto o mundo. Levantei os estores e deixei a última luz do dia invadir a casa.Passou. A fase negra passou. Até a minha amada se sente melhor. O mundo é belo e vale a pena estar vivo.

domingo, 15 de abril de 2007

Estava eu, calmamente, parado no trãnsito da 2ª circular, quando de repente vejo um camião carregado de Smarts. Até aqui nada de novo. Não fossem os referidos smarts cor-de-rosa com corações e na porta, espanto dos espantos, as famosas perninhas com os ténis da Floribella. Não queria acreditar nos meus olhos. O Smart até é um carro fixe, cabe debaixo do braço e dá para levar para casa e guardar na dispensa. Guiar um Smart com anúncios da Credial ou da Santa Casa, pronto… a malta até desculpa. Agora um Smart cor-de-rosa, a dizer Floribella e com corações a fazer de tampões de rodas é definitivamente um convite à gozação.
Mas isso não é o pior. Já me imagino a passear com a filhota e cruzar-me com uma destas aberrações. Dado o tamanho do carro ela ainda vai pensar que se trata de um carrinho a pedais vai pedir-me um. E quando lhe disser que aquilo é um carro a sério vai julgar que sou mentiroso.
Mas sobretudo, isto reflecte o estado das coisas. Já não basta os nossos filhos verem tamanha falta de inteligência na televisão, vestirem cuecas e meias Floribella, dormirem em lençóis Floribella, beberem leite de uma caneca Floribella, agora também têm Floribella quando estão no trãnsito.
Que país tão pobre de espirito, valha-me Deus!

quarta-feira, 11 de abril de 2007

Fantástica a nova imagem da RTP2. Vejam alguns dos cartões de visita. Vale a pena.

Camara Clara

Sopranos

Noddy

terça-feira, 10 de abril de 2007

A vida é como um circulo vicioso. Há alturas em que tudo nos corre bem e a vida é cor de rosa. Ganhamos confiança e quando nos julgamos o maior da aldeia, lá levamos uma marretada que nos obriga a descer à terra. Inicia-se assim a chamada fase negra. Aquela em que tudo corre mal. Em que mais vale ficar em casa, porta trancada e estores em baixo.
Há cerca de duas semanas entrei numa destas fases.
Era Sábado. Acordei e saí de casa. Ao contrário do habitual não pus o carro na garagem. Arranquei para parar 10 metros depois. Um pneu furado. Bom, não há de ser nada. Mudo de carro, o pneu fica para mais tarde. Almocei. Avenida de Roma. Lojas de materiais para casa de banho e cozinha. Já agora, ficam a saber que vou remodelar completamente as casas de banho e a cozinha. Tudo fechado. Claro, Sábado à tarde. Burro... IKEA. Um mar de gente. 20 min para estacionar. Livra!
Finalmente chega a hora de jantar, já depois de trocar o pneu. Um aniversário. Tudo bem, divertido. Saímos já tarde do restaurante rumo ao BBC. Novamente um mar de gente. Stress com o porteiro. Lá entramos. Começo a sentir-me esquisito. Vou buscar um Vodka. Dois golos e saio desparado para a casa de banho. Uma paragem de digestão. Vinho ao jantar e dois golos de Vodka não fazem isto. Do mal o menos. Agora sinto-me bem. Não bebo mais, ainda tenho força para dançar. Aguentei cerca de uma hora. Nova corrida à casa de banho. Que figura, agarrado à sanita no BBC. Desta vez fico mal, mesmo mal. Vamos embora. Entrego a chave do carro, não estou em condições de conduzir. Cheguei a casa. Assim que entrei fui a correr para a casa de banho. Tentei dormir o melhor que pude. Acordei algumas quatro vezes para beber água. Resultado, quando me levantei pela última vez o estômago fazia um barulho semelhante ao de uma máquina de lavar roupa. E mais uma vez abracei a sanita.
Almoço em casa dos ‘sogros’. Todos a comerem do bom e do belo. Eu a chá e torradas. Jantar em casa de amigos. A ideia era ver a bola e beber umas cervejas. Eu bebi chá. Lá arrisquei comer frango assado. Correu bem.
Segunda feira acordei sem voz. Passei o dia todo assim. Lá melhorei na Terça.
No fim-de-semana seguinte fui para o Algarve. O leitor de CDs do carro deu o berro. Choveu a potes. Até granizo. Trânsito infernal no regresso. Quase quatro horas até Lisboa.
Nunca me deixei abater. Talvez porque estivesse sempre em boa companhia. Ou simplesmente tenho mais em que pensar...