terça-feira, 30 de janeiro de 2007

E de repente…
Acordo bem disposto.
Um sorriso.
Um fim de semana de sonho.
Um desejo.
Algo caiu do céu.
Aos trambolhões...

domingo, 28 de janeiro de 2007

Ofereceram-me um fervedor de água eléctrico. Funcionou como devia. A água fervia. Aproveitei e fiz chá. Verde. Com uma caneca fumegante na mão espreitei pela janela. Tempo cinzento. Gotas de água no vidros. Apertei as mãos à volta da caneca numa tentativa de as aquecer. Olhei para a mesa. ‘Enquanto Salazar dormia’. Boa altura para ler, pensei. Peguei no livro e no CD de JP Simões, também oferecido. Espojei-me no sofá e cobri-me com uma manta. Quando soaram os primeiros acordes iniciei a leitura. Só parei quando o CD terminou, 3 canecas de chá e várias páginas depois. Bom livro, boa música.
Olhei novamente pela janela. O mesmo cenário. Vou ver um filme. Syriana. Parece ser bom. Refastelei-me novamente no sofá a ver o filme. Quando terminou já escurecia lá fora. Passei rapidamente pelos canais de televisão. Nada de especial. Desliguei-a. Pus um CD de John Coltrane e fui passar camisas a ferro.
Pode não parecer, mas foi uma tarde bem passada. Igual a muitas outras tardes de Domingo. Mas desta vez, uma diferença. Estou feliz. Não digo porquê. Mas estou feliz. E JP Simões é bom. Muito bom.

sexta-feira, 26 de janeiro de 2007



A tarde é de oiro rútilo: esbraseia.
O horizonte: um cacto purpurino.
E a vaga esbelta que palpita e ondeia,
Com uma frágil graça de menino,

Pousa o manto de arminho na areia
E lá vai, e lá segue o seu destino!
E o sol, nas casas brancas que incendeia,
Desenha mãos sangrentas de assassino!

Que linda tarde aberta sobre o mar!
Vai deitando do céu molhos de rosas
Que Apolo se entretém a desfolhar...

E, sobre mim, em gestos palpitantes,
As tuas mãos morenas, milagrosas,
São as asas do sol, agonizantes...

Florbela Espanca

quarta-feira, 24 de janeiro de 2007

Envolvi-me hoje numa conversa interessantíssima. Começou com uma observação sobre mudanças climatéricas que nos têm atingido ultimamente. Rapidamente chegou a uma troca de ideias sobre o que é crescer agora, comparado com o que era crescer à 20 anos atrás.
Veio-me à memória um episódio recente. Andava eu a tirar coisas dos caixotes, quando dou de caras com a minha pequena colecção de discos de vinil. A minha filha perguntou o que era. Assumindo que toda gente sabe o que é, disse-lhe com a maior das naturalidades que eram discos de música. Fez-se silêncio. Reparei então que olhava para mim com o ar mais incrédulo do mundo. Fez-se luz. Ela, como muitas crianças da sua idade nunca viram discos de vinil. Lá lhe expliquei, tirando um da capa, que uma pequena agulha passava naqueles riscos que se viam e que ao ‘tremer’ produzia som. Mais incrédula ficou. Tive pena de não poder demonstrar na prática como funciona. Mas estou decidido. Nem que seja na Feira da Ladra, vou comprar um gira discos. E ela há-de ouvir música de um disco de vinil. Talvez então acredite em mim.

segunda-feira, 22 de janeiro de 2007


Nada é real, nada em seus vãos moveres


Pertence a uma forma definida,


Rastro visto de coisa só ouvida.



Fernando Pessoa, 28-9-1933.

domingo, 21 de janeiro de 2007

Sexta-feira à tarde. Aconselharam-me a fazer yoga. Mostraram-me uma revista. Enviaram-me um link. Fiquei pensativo e preplexo. Yoga. Ora aí está algo em que nunca tinha pensado. Talvez experimente. Logo se vê.
Ainda na sexta, ao fim do dia. Uma amiga queria falar comigo. Um desabafo. Não fui grande ajuda. Mas penso que ficou contente só por ter alguém que a ouvisse. Senti-me bem.
Hora de jantar. Chegou o meu amigo. Saimos juntos. Parámos num barzito antes de jantar. Duas Imperais e conversa. Depois sushi. Sake quente a acompanhar. Bar do CineArte. Mais duas imperiais e alguma conversa. Plateau. Aos anos que lá não ia. A decoração estás diferente. Música dos anos 80. Cada nova música tentávamos lembrar o nome da banda. ‘Midnight Oil’ exclamou. Não é nada, dizia eu. Mensagem para o infeliz que estava no turno da noite. ‘Pá, procura aí na net quem canta isto’. Minutos depois chegava a resposta. Midnight Oil. Bolas. Pago eu. Vodka para mim, cerveja para ele. Nova mensagem. ‘Wake me up before you go, go’. A resposta foi pronta. ‘Às 7 da manhã? Na boa!’ Brincalhão… chega de mensagens.
Cheguei bem a casa, apesar de tudo.
Sábado passei o dia alucinado. A minha filhota cheia de energia. Aguentei-me com ajuda de cafeína. Até adormecer no sofá enquanto ela contava os cromos da caderneta. Acordei sobressaltado. Vamos passear. É melhor.
À noite um desencontro. Esperei e desesperei. Telemóvel nada. SMS sem resposta. Fui para casa. Chegou a resposta ao SMS. Sim às 11. Mas da manhã. De amanhã.
Domingo dedicado à casa. Limpeza geral. Passar a ferro. Cozinhar. Quando finalmente terminei pensei que afinal o Yoga é capaz de não ser má ideia. As minhas costas são a favor.

quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

A minha Avó foi novamente hospitalizada. Tornou-se uma rotina macabra. De vez em quando lá se fica com o coração nas mãos. Mas ela é rija. E tem regressado sempre a casa. Nestas alturas lembro-me especialmente do meu Avô Joaquim. O Vô Quincas.
Fui o seu primeiro neto. Ainda por cima rapaz. Por isso especial. Amava as suas duas filhas. Mas eu era o filho que nunca teve.
Era um verdadeiro chefe de família. Mantinha-a unida. Todos os Domingos, almoço em sua casa. Filhas, genros e netos. Férias todos juntos na casa do Vimeiro. Verões inteiros.
Tinha um pequeno negócio de revenda de móveis. O escritório era na Rua dos Anjos ao Intendente. Essa mesmo. A rua das ‘meninas’. Quando não tinha aulas era para lá que ia. Fazia-me moço de recados. Ia ao talho, à mercearia e até ao Banco. Com molhos de cheques para depositar e formulário devidamente preenchido. Ainda me lembro de caminhar pela Rua dos Anjos, envelope com cheques na mão e derrepente ouvir ‘oh franguinho, anda cá que te vou ensinar uma coisa’. Nunca parei. Ainda hoje estou curioso. Imaginem o espanto dos caixas, ao me verem tão novinho a depositar quantias avultadas em cheques.
Nos tempos mortos ia ter com o Sr. Zé, o marceneiro. Serrava, pregava e colava como se não houvesse amanhã. Até nova tarefa me ser atribuida.
Aos clientes apresentava-me como seu secretário. Na casa do Vimeiro era o seu encarregado. Às 6ª feiras, almoço em Odivelas com os empregados do armazém. Aliás, almoços e jantares eram o seu forte. Tinha prazer em comer. Muito e bem. Costumava dizer ‘antes faça mal, que sobre’. Nem sei como me aguentei assim.Magrinho.
De vez enquando, em tempo de aulas, fazia-me uma surpresa. Aparecia à porta da escola, na sua Peugeot 504. Lá iamos todos. Eu e colegas. Distribuição porta a porta.
Lembro-me especialmente de um fim de semana. Eu já adolescente, recusei o convite para ir ao Vimeiro. Era normal lá ir com ele. Tratar da casa e das árvores de fruto. Naquele não fui. Fui ver Brian Adams com amigos ao Estádio de Alvalade.
Quando cheguei a casa deram-me a noticia. O meu avô tinha morrido. Coração.
Carreguei o caixão. Como seu filho. Mas nunca chorei. Senti a perda. Mas não chorei. Como me arrependo. Do fim de semana. E de não ter chorado.
Tenho-o sempre comigo. Acredito que esteja ele onde estiver, olha por mim. È o meu Anjo da Guarda. Sei que está bem. Nunca lho disse. Digo-lhe hoje. Sinto muito a tua falta Vô…

quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

Hoje foi um daqueles raros dias em que liguei a televsião. Maldita a hora em que o fiz. Deparei com uma noticia que me deixou profundamente abalado.
O ‘pai’ biológico de uma criança de 6 anos reclama a sua custódia. A dita criança foi adoptada ainda pequenina, já que a mãe não tem condições para a criar. Viveu grande parte da sua curta existência com os pais adoptivos. O ‘pai’ biológico argumenta só agora ter sabido da sua existência. O mais espantoso de tudo isto é que um qualquer juiz, iluminado por toda a sabedoria dos canhanhos de Direito, atribuio a custódia ao ‘pai’ biológico. Ora, os pais adoptivos não perdem tempo. Fogem com a criança para parte incerta. Discute-se a justiça do pai adoptivo ter sido condenado a 6 anos de prisão.
Como fica tão inocente criança no meio disto? Que espécie de energúmeno que se auto-intitula ‘pai’ reclama a custódia de uma criança adoptada à 6 anos? Amor não seria deixá-la permanecer junto dos pais adoptivos? Que monstro consegue atribuir custódia ao ‘pai’ biológico? Para que servem leis que condenam crianças a conviver com tamanho trauma? Com que direito se ‘rapta’ uma criança?
È por estas e por outras que sou a favor da nova lei do aborto. Para uma criança viver assim, mais valia não ter nascido.

terça-feira, 16 de janeiro de 2007

segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

Devo ser uma das poucas pessoas que tem uma sova, dada pelo pai, registada em fotografia.
Devia ter à volta de 7 anos. Obviamente já não me lembro do que poderá ter causado tamanhas palmadas. Mas coisa boa não terá sido.
As fotos foram tiradas pela minha mãe. E não as divulgo, pois o seu conteúdo poderá ferir algumas susceptibilidades.
Ponho-me a pensar se não terá sido ela a precursora dos Reality Shows. Ao rever aquelas fotos, senti-me devassado na minha privacidade infantil. Caramba! É que aparecer nú em cima da cama, ou mesmo na praia, pronto… è de homem. Mas agora a levar um arraial de porrada. Que é isso?!
Estou mesmo a imaginar! Tios, primas e afins todos a olharem para as fotos como quem olha para dentro da casa do Big Brother. Aaaaaargh! Sou o Zé Maria da família! E não adianta processar a minha mãe, porque decerto que o crime já prescreveu.
Mas ela não perde pela demora! Amanhã vou-lhe telefonar. Logo pela manhã. Vou jantar lá casa. Na boa. Tudo normal. Assim que a porta da rua fechar… zás, digo-lhe das boas. Até ela pedir perdão publicamente perante todos os membros da família. E então sim. A minha honra será reposta.Ou talvez não…

domingo, 14 de janeiro de 2007

They told me I couldn’t come back here again
Took me for some kind of fool
Said I was doing things that never should be done
But I don’t care about their rules

As if I cared about the little minds
In the little heads of the herd
There’s nothing you could dream
Would be more absurd

I don’t know what it is they’re trying to do to me
Make me into some sick joke
But no one’s laughing
And least of all not me
It’s hard to laugh as you choke

Eels
Não tenho o hábito de ver televisão. Pode parecer estranho a muita gente, mas não estou a pensar instalar televisão por cabo.
Por vezes enquanto passo a ferro lá ligo a televisão. Quase sempre na 2. Mas, sinceramente, prefiro engomar camisas ao som de Duke Ellington, Charlie Parker ou Ella Fitzgerald. Não sei porquê, a coisa corre melhor ao som de Jazz.
Nunca pensei que isso fosse um impedimento social. Até há uns dias atrás.
Primeiro a minha irmã. Calhou em conversa a série Perdidos. Nunca vi um episódio completo. E disse-lho. E a conversa morreu.
Depois numa troca de mails. Do outro lado exclamaram ‘Boa! Vai começar o Dr. House!’ E eu, na minha infinita ingenuidade perguntei o que era aquilo. O mail de resposta foi simpático, mas deu-me a entender que acabei de chegar de Marte. E mais uma vez a conversa morreu.
Acho que a partir de agora me vou obrigar a ver mais televisão. Não gosto de ficar para trás numa conversa. As camisas vão sofrer. Mas a minha vida social vai melhorar de certeza.

sexta-feira, 12 de janeiro de 2007

O sofá chegou finalmente.
As férias estão no fim. Assim como o dia. O trãnsito lá fora. Como num filme mudo. Banda sonora dos Lambchop. Milhares de luzes surgem no horizonte. Um copo de vinho tinto. Um cigarro.
Vou jantar com um amigo. Tenho tempo.
Simples. As coisas da vida que nos fazem sentir bem.

quinta-feira, 11 de janeiro de 2007

Moro num 11º andar. A minha penthouse, como lhe chamo. Uma vista espetacular. Infelizmente, não sobre Lisboa. Sobre o rio. Na zona que escolhi. Sortudo.
Os elevadores. O meu maior problema. Não, não tenho medo. E nunca deixaram de funcionar desde que aqui estou. Já lá vão uns meses.
São 11 andares, 4 apartamentos por andar. Sendo que em muitos deles moram famílias numerosas. Isto para dar uma ideia do movimento no prédio.
Ora, o meu maior problema é… não ir sozinho no elevador. Não sei porquê! Não sofro de clautrofobia, não me considero anti-social, não sou tímido. Bem sou um pouco, mas nada de muito grave.
Odeio não ir sozinho no elevador. Já dei por mim a correr para ver se evito a pessoa que vem a chegar. Já fingi falar ao telemóvel para não apanhar o elevador. Dou graças a Deus por chegar carregado. Posso dar uma de simpático e dizer para irem andando que o elevador é pequeno. Mas há alturas que não dá para evitar. Como hoje. Cheguei carregado de compras. Enquanto esperava, outra pessoa entra no prédio. Não há problema. Estou carregado. O elevador chega. Já tinha a frase engatilhada. ‘Vá andando que eu estou carregado. Espero pelo próximo’. Ele insiste. ‘Venha, não há problema, eu seguro-lhe a porta’. Sacana. Anti-cristo. O gajo está a fazer de propósito, só pode. Lá entro. Carregado. As duas mãos ocupadas. Mas para ele não basta. Não! Apostado em me humilhar por completo, pergunta-me para que andar vou. E carrega no botão! F..-se. Isto é demais. Espera, calma. Respira fundo. Pode ser que ele saia no 2º. 3º no máximo. O quê? 8º andar. Pronto. Estou morto. Não vou aguentar. O elevador arranca, finalmente. Começa o calvário. Silêncio. Olho para ele. Para o chão. Os meu sapatos. Olho para a porta. Ainda só vai no 2º. Olho para o tecto. Para os botões. Silêncio. Wok numa mão. Calhas na outra. Queria olhar para o relógio, mas não uso. Tenho que comprar um. Rapidamente. 4º andar. Já sei! O telemóvel! Vou ver mensagens. E das importantes! Espera. Tenho as mão ocupadas. Vou pousar isto. Não! Isto é apertado. Vai criar uma confusão. Vou aguentar. Sou um homem, não sou um rato. 6º andar. Silêncio. Olho para o chão, para o lado, para cima. Para a porta, para o espelho, para os botões. Silêncio. Leio as placas de aviso. Já falta pouco. Está quase. 8º andar. Finalmente! Ele empurra a porta e sai. A porta fecha. O elevador arranca. Deixo-me cair para trás. De encontro à parede. Respiro fundo. Olho para o espelho. Estou branco.

quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

Acordar. Banho. Pequeno almoço. Não fiz a cama. Sair. Café. Voltar. Arrumar dispensa. Marcar restaurante para Sábado. Reservar bilhetes para o teatro. Foram em digressão. Porra. E agora? Almoçar. FNAC. Strokes e ‘The Maltese Falcon’. Montar estantes do IKEA. A prateleira ficou ao contrário. Paciência. Agora não vou desmontar tudo. Passar a ferro. Ver o filme. Socorro mãe, conta comigo para o jantar.

terça-feira, 9 de janeiro de 2007

Até nem correu mal o almoço com o meu amigo.
Acordei cedo hoje. Nem sei porquê. Levantei-me e fui à cozinha. Espreitei pela janela. E voltei para a cama. Adormeci. Acordei às 20 para o meio-dia. O almoço estava combinado para a 1. Lavei-me e vesti-me. Não tomei o pequeno-almoço. Saí de casa apesar de tudo sem pressa. Parei para tomar um café. O sítio do costume. Já me conhecem. Assim que entrei já estavam a tirar o café. Foi-me posto à frente sem mesmo o pedir. Já as moedas estavam em cima do balcão. Agradeci e bebi o café. Tem sido assim ultimamente…
Dirigi-me ao local combinado. Estacionei e enquanto caminhava fiz algumas chamadas e troquei algumas mensagens. Praticamente não via para onde ia. As pessoas olhavam para mim com algum espanto. Estou habituado. Inerências profissionais. Já fiz compras num hiper sempre ao telefone. ‘Não faz? E os vendors? 25000 euros? Vê se dá para trocar com outra coisa’. Ao mesmo temnpo tirava um pack de Frize da prateleira. E as pessoas a pensarem que eu sou maluquinho.
Cheguei em cima da hora, ele chegou segundos depois.
Comprimentou-me como se não me visse desde ontem.
De resto tudo normal. Conversa de circunstãncia.
Mas o que mais me impressionou foi o facto de ele estar exactamente como eu estava há uns tempos atrás. Completamente acomodado ao casamento e à rotina. Sem entusiasmo, sem vida.
Porque será que nos tornamos zombies depois do casamento? Será que os padres nos drogam com o vinho da comunhão? A tinta do notário contém alguma bactéria demolidora de personalidades?
Uma coisa é certa, se voltar a casar isso nunca irá acontecer. Primeiro porque já não posso voltar à Igreja. Depois porque assino com luvas cirurgicas e caneta devidamente esterilizada.
Quando cheguei ao carro tinha perdido o cartão do parque. Dirigi-me à recepção a pensar que ia pagar uma multa absurda. A mulherzinha perguntou-me a que horas tinha entrado. Lá lhe disse que tinha sido por volta do meio-dia. Ela pegou num cartão com uma marca de sola de sapato. ‘Meio-dia e dezasseis. Está com sorte, alguém o encontrou.’
Sorte foi ter estado com o meu amigo, pensei eu…

segunda-feira, 8 de janeiro de 2007

Amanhã vou almoçar com um amigo meu. Amigo de longa data, com quem não estou há anos. Desde que casei que praticamente perdemos contaco. À parte os tradicionais telefonemas de Natal e Fim de Ano. Sempre muito curtos. Sempre muito formais.
‘Olá, tudo bem? Sou eu. Então Bom Natal! Obrigado… Está tudo bem? A família? Tudo bem, obrigado. Então, quando mandas vir um filho? Pois, pois… Pronto, então mais uma vez Bom Natal. Tudo de bom pra vocês. Volto a ligar no Fim d’Ano. Obrigado, obrigado… Tchau…’
Éramos inseparáveis, eu e ele. Desde que lhe parti a cabeça. È verdade, numa aula de ginástica. À cabeçada. Foi o inicio de uma bela amizade.
Sempre juntos. Em tudo. Para todo o lado. Outras amizades aconteceram. Mas a nossa sempre prevaleceu.
Chegou a altura de cumprir o meu sonho. Entrei para a Academia da Força Aérea. 1 ano praticamente sem sair de lá. Os que lá estavam comigo eram como irmãos. Saí da casca. Discotecas, bebida, gajas… Um novo mundo para mim. 18 aninhos e dinheiro para gastar. Mas ele sempre comigo. Sempre que era possível estávamos juntos. Dormia em minha casa depois das noitadas. Fomos de férias juntos. Alucinantes. A mulher dele é prima de uma ex namorada minha. Conheceram-se através de mim.
Mas estou com medo. Medo do que acontecerá amanhã. Sinto que me vou encontrar com um estranho. O que vou dizer? Do que vamos falar? No fundo tenho vergonha. De ter proposto este encontro depois do divórcio. ‘Olha, desculpa lá não te ter ligado puto quando tava casado. Mas agora tou dirvociado. Podemos ser amigos outra vez. Boa?!’
Não sei… O que tiver de ser, será.Só tenho o que mereço. Os amigos são para sempre.

domingo, 7 de janeiro de 2007

Duvido que este ano venha a ser tão bom como o que terminou.
Começou mal, muito mal o ano passado. Primeiro a separação depois o divórcio. Para quem se dedicou de corpo e alma a uma relação de 10 anos, parecia o fim da linha.
Mas não foi. E tudo mudou, naturalmentente.
O choque inicial. Isolei-me. Fui para o Vimeiro, onde conheço poucas ou nenhumas pessoas. Precisava de estar só, sentir o que é a solidão. Aos poucos fui ganhando novo alento.
Mudei-me. Para Carnaxide. Que me perdoe quem lá mora, mas o sítio é realmente deprimente. Tudo grita suburbio. Até o ar que se respira. Talvez por isso a SIC seja tão má. Mas estava perto de Lisboa, dos amigos e da família. Curiosamente, foi a partir deste sítio abominável que tudo começou a acontecer.
Uma nova relação amorosa, intensa mas de curta duração. Continuamos amigos. Beijo para ti linda. Obrigado por tudo.
O reforçar de amizades. Partilhar alegrias, tristezas, duvidas e inseguranças. Ou simplesmente divertirmo-nos. Acho que já não posso viver sem eles. È piegas, mas é verdade.
E redescobrir a família. De quem o apoio nunca falta, nos bons e nos maus momentos. Não há nada como o jantar feito pela mãezinha.
Voltei a conhecer Lisboa e estou viciado. Revisitei locais onde já não ia há anos. Descobri novos sítios. Voltei a odiar hipermercados e centros comerciais ao fim de semana.
Comprei casa e mudei-me. Uma espécie de regresso às origens.
Saí de casa aos 18 mas é a primeira vez que moro realmente sozinho. E estou a gostar.
Tudo mudou. Ou melhor, tudo o que em mim andava adormecido despertou. O gosto pelos amigos, pela música, pelo cinema. Mudei o corte de cabelo e a maneira de vestir. Fui a concertos. Pearl Jam, Josh Rouse, Jack Johnson, Koop. Estive em Colombus – Ohio, New York e Republica Dominicana.
Mas sobretudo aprendi a viver um dia de cada vez. E prentendo continuar assim nos próximos tempos.
A passagem de ano foi um resumo. Junto da minha filha tal como no inicio. E depois Irmão Catita no Santiago Alquimista.
De certeza que este ano não vai ser tão bom. Mas não me preocupa. Vivo um dia de cada vez.