quinta-feira, 11 de janeiro de 2007

Moro num 11º andar. A minha penthouse, como lhe chamo. Uma vista espetacular. Infelizmente, não sobre Lisboa. Sobre o rio. Na zona que escolhi. Sortudo.
Os elevadores. O meu maior problema. Não, não tenho medo. E nunca deixaram de funcionar desde que aqui estou. Já lá vão uns meses.
São 11 andares, 4 apartamentos por andar. Sendo que em muitos deles moram famílias numerosas. Isto para dar uma ideia do movimento no prédio.
Ora, o meu maior problema é… não ir sozinho no elevador. Não sei porquê! Não sofro de clautrofobia, não me considero anti-social, não sou tímido. Bem sou um pouco, mas nada de muito grave.
Odeio não ir sozinho no elevador. Já dei por mim a correr para ver se evito a pessoa que vem a chegar. Já fingi falar ao telemóvel para não apanhar o elevador. Dou graças a Deus por chegar carregado. Posso dar uma de simpático e dizer para irem andando que o elevador é pequeno. Mas há alturas que não dá para evitar. Como hoje. Cheguei carregado de compras. Enquanto esperava, outra pessoa entra no prédio. Não há problema. Estou carregado. O elevador chega. Já tinha a frase engatilhada. ‘Vá andando que eu estou carregado. Espero pelo próximo’. Ele insiste. ‘Venha, não há problema, eu seguro-lhe a porta’. Sacana. Anti-cristo. O gajo está a fazer de propósito, só pode. Lá entro. Carregado. As duas mãos ocupadas. Mas para ele não basta. Não! Apostado em me humilhar por completo, pergunta-me para que andar vou. E carrega no botão! F..-se. Isto é demais. Espera, calma. Respira fundo. Pode ser que ele saia no 2º. 3º no máximo. O quê? 8º andar. Pronto. Estou morto. Não vou aguentar. O elevador arranca, finalmente. Começa o calvário. Silêncio. Olho para ele. Para o chão. Os meu sapatos. Olho para a porta. Ainda só vai no 2º. Olho para o tecto. Para os botões. Silêncio. Wok numa mão. Calhas na outra. Queria olhar para o relógio, mas não uso. Tenho que comprar um. Rapidamente. 4º andar. Já sei! O telemóvel! Vou ver mensagens. E das importantes! Espera. Tenho as mão ocupadas. Vou pousar isto. Não! Isto é apertado. Vai criar uma confusão. Vou aguentar. Sou um homem, não sou um rato. 6º andar. Silêncio. Olho para o chão, para o lado, para cima. Para a porta, para o espelho, para os botões. Silêncio. Leio as placas de aviso. Já falta pouco. Está quase. 8º andar. Finalmente! Ele empurra a porta e sai. A porta fecha. O elevador arranca. Deixo-me cair para trás. De encontro à parede. Respiro fundo. Olho para o espelho. Estou branco.

2 comentários:

Carla disse...

Estou contigo ODEIO ELEVADORES! mas ODEIO MESMO!

diferença: com ou sem gente!


opah, pois foi.. não trocámos uma uniquinha, mas a culpa é minha, sou uma antipática q p'ra aqui ando!

Rui Costa disse...

Bolas. Não consigo deixar comments no teu blog. Pagaste a conta?