quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Nunca tive o hábito de festejar o Dia dos Namorados. Aliás, abomino toda a exploração comercial à volta deste dia.
Mas este ano foi diferente. Aproveitei o dia como pretexto para algo diferente.
Primeiro passo, comprar um presente. Entro na loja, escolho o que quero. A rapariga da caixa vê-se aflita para fazer um embrulho decente. A senhora que aguardava a sua vez para pagar resolve deitar mãos à obra. Qual supervisora de operações de embrulho. ‘Ponha dentro daquele saco, corte as asas. Depois ponha tudo dentro do outro saco. Deixe que ajudo.’ Do alto da minha ingenuidade agradeço a ajuda mas afirmo que afinal de contas o presente não é o mais importante. A resposta da senhora foi pronta e expontânea. ‘Pois, os olhos também comem.’ Fiquei mudo a olhar para ela, sem perceber se aquilo se referia a mim ou ao embrulho. Paguei à pressa e saí da loja com um embrulho feito às três pancadas.
Segundo passo, jantar à luz das velas. Em minha casa e eu cozinho. Uma tábua de queijos variados para aguçar o paladar. Salmão grelhado, brócolos e espinafres salteados. Tudo regado com um bom vinho tinto. Gelado e morangos para a sobremesa. Comemos à luz das velas, entre risos e conversa. Dentro do espírito do dia, fui ao meu baú de recordações e tirei as cartas de amores adolescentes. Foi um fartote. Tanta ingenuidade escrita. Dançámos ao som de Ella Fitzgerald, murmurámos as letras. Caímos no sofá. Abraçados, trocámos pensamentos. Até o CD terminar.
Fui uma noite fabulosa e diferente. O meu espírito está em paz e estou feliz. Mas torna-se difícil. Viver um dia de cada vez.

1 comentário:

Anónimo disse...

Adorei a noite de ontem !
TUDO !